Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web – Luciana Mielniczuk

Resumo:

 

O texto delimita alguns conceitos assim como estabelece algumas categorias visando a melhor descrição e compreensão do webjornalismo enquanto objeto de estudos.  Num primeiro momento, apresenta definições para os termos jornalismo eletrônico, jornalismo digital, ciberjornalismo, jornalismo online e webjornalismo. Segue uma categorização das fases de desenvolvimento do jornalismo na web. Por último, identifica a existência de espaços diferenciados para a disponibilização das notícias nos webjornais.

1  Introdução

O presente texto integra a parte inicial do trabalho de tese desenvolvido pela autora sobre jornalismo desenvolvido para a web. Possui como principal objetivo delimitar as definições de alguns termos que são empregados para o estudo do fenômeno assim como estabelecer algumas categorias que permitam a melhor descrição do objeto em questão. Tal sistematização está embasada na realização de pesquisa bibliográfica e na observação empírica de produtos jornalísticos desenvolvidos para a web. Por razões de espaço, neste artigo, as ilustrações foram suprimidas.

2  Definindo termos

Apesar da explosão da utilização da Internet para fins jornalísticos ter ocorrido há quase uma década e estudos significativos já terem sido desenvolvidos sobre o assunto, ainda não há um consenso sobre a terminologia a ser utilizada quando nos referimos ao jornalismo praticado na Internet, para a Internet ou com o auxílio da Internet. Em linhas gerais, observa-se que autores norte-americanos utilizam o termo jornalismo online ou jornalismo digital, já os autores de língua espanhola preferem o termo jornalismo eletrônico. Também são utilizadas as nomenclaturas jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. De forma genérica,  pode-se dizer que autores brasileiros, seguem os norte-americanos,  utilizando com maior frequência o termo jornalismo online ou jornalismo digital.

Algumas tentativas já foram realizadas  no sentido de estabelecer definições mais precisas para estes termos, vejamos, por exemplo, o que dizem Bastos (2000) e Machado (2000). Bastos, após realizar um levantamento bibliográfico apresentando a opinião de diversos outros autores,  utiliza o termo jornalismo eletrônico para englobar o jornalismo online e o jornalismo digital  (JE = JO + JD). Para ele,  integrada às práticas do jornalismo assistido por computador[1] está a pesquisa online, a qual ele denomina de jornalismo online. O jornalismo online, seria então,  a pesquisa realizada em redes, onde as informações circulam, em tempo real e cujo objetivo é a apuração jornalística  (pesquisa de conteúdos, recolha de informações e contato com fontes). As possibilidades referentes à disponibilização de informações jornalísticas na rede são denominadas, pelo autor,  de jornalismo digital. Fica evidente a preocupação com a esfera da produção: nas definições propostas por Bastos,  fazer apuração é jornalismo online; desenvolver e disponibilizar produtos  é jornalismo digital.

Já Machado (2000), pensando a questão do suporte,  prefere a denominação jornalismo digital à jornalismo online. Segundo o autor, o conceito de digital remete à particularidade deste novo suporte e o termo online, mais restrito do que digital, refere-se a apenas uma característica do meio e não contemplaria  todas as especificidades da nova realidade, por isso seria melhor utilizar o termo jornalismo digital.

Propomos uma sistematização que privilegia os meios tecnológicos, através dos quais as informações são trabalhadas, como fator determinante para elaborar a denominação do tipo de prática jornalística, seja na instância da produção ou na instância da disseminação de informações  jornalísticas.

O âmbito eletrônico seria o mais abrangente de todos, visto que a aparelhagem tecnológica que se utiliza no jornalismo é, em sua maioria, de natureza eletrônica, seja ela analógica ou digital. Assim, ao utilizar aparelhagem eletrônica seja para a captura de informações, seja para a disseminação das mesmas, estaria-se exercendo o jornalismo eletrônico.

Dentro do espectro eletrônico, existe a tecnologia digital, que ocupa um espaço maior a cada dia que passa. O crescimento acontece tanto na captura, processamento ou disseminação da informação. São câmeras fotográficas digitais; gravadores de som; ilhas de edição de imagens não-lineares; suportes digitais para a disseminação da informação como disquete, CD e DVD; hardware e software para a manipulação das informações (áudio, vídeo e sons em forma de bits); entre tantos outros recursos. O jornalismo digital também é denominado de jornalismo multimídia, pois implica na possibilidade da manipulação conjunta de dados digitalizados de diferentes naturezas: texto, som e imagem.

Já o prefixo ciber remete à palavra cibernética, que significa

“Ciencia o disciplina que estudia los mecanismos automáticos de comunicación y de control o técnica de funcionamiento de las conexiones de los seres vivos y de las máquinas autogobernadas, acepción femenina procedente del griego kybernetike (arte de pilotar o gobernar) y del francés cybernétique, acuñada por Norbet Wiener tras postular, en 1948, a la cibernética como una nueva disciplina científica tras sus investigaciones basadas sobre el cálculo de probabilidades, el análisis y la teoría de la información” (Gómes y Méndez; Gil, 2002).

Os mesmos autores definem o ciberespaço[2] como sendo um espaço hipotético ou imaginário no qual se encontram imersos aqueles que pertencem ao mundo  da   eletrônica, da informática.

A concepção de Lemos é complementar e diz que o ciberespaço pode ser entendido a partir de duas perspectivas:

“como o lugar onde estamos quando entramos num ambiente virtual (realidade virtual), e como o conjunto de redes de computadores, interligadas ou não, em todo o planeta (BBS, videotextos, Internet…). Estamos caminhando para uma interligação total dessas duas concepções do cyberespaço, pois as redes vão se interligar entre si e, ao mesmo tempo, permitir a interação por mundos virtuais em três dimensões. O cyberespaço é assim uma entidade real, parte vital da cybercultura planetária que está crescendo sob os nossos olhos” (Lemos, 1997) .

Interessa-nos é que a palavra ciberjornalismo vai remeter ao jornalismo realizado com o auxílio de possibilidades tecnológicas oferecidas pela cibernética ou ao jornalismo praticado no – ou com o auxílio do – ciberespaço. A utilização do computador para gerenciar um banco de dados na hora da elaboração de uma matéria  é um exemplo da prática do ciberjornalismo.

O termo online reporta à idéia de conexão em tempo real, ou seja, fluxo de informação contínuo e quase instantâneo. As possibilidades de acesso e transferência de dados online utilizam-se, na maioria dos casos, de tecnologia digital. Porém, nem tudo o que é digital é online.

Webjornalismo, por sua vez, refere-se a uma parte específica da Internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma bastante amigável. A Internet envolve recursos e processos que são mais amplos do que a web, embora esta seja, para o público leigo, sinônimo de Internet. Conforme Canavilhas (2001), a nomenclatura encontra-se relacionada com o suporte técnico: para designar o jornalismo desenvolvido para a televisão, utilizamos telejornalismo; o jornalismo desenvolvido para o rádio, chamamos de  radiojornalismo;  e chamamos de jornalismo impresso àquele que é feito para os jornais impressos em papel.

O quadro a seguir, apresenta, de forma resumida, as delimitações terminológicas elaboradas:

Nomenclatura

Definição
Jornalismo eletrônico utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos
Jornalismo digital ou Jornalismo multimídia emprega tecnologia digital, todo e qualquer procedimento que implica no tratamento de dados em forma de bits
Ciberjornalismo envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço
Jornalismo online é desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real
Webjornalismo diz respeito à utilização de uma parte específica da Internet, que é a web

QUADRO 1 – Resumo das definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e disseminação de informação no jornalismo contemporâneo.

As definições apresentadas assemelham-se a esferas concêntricas que fazem o recorte de delimitações. Como já foi referido, estas definições aplicam-se tanto ao âmbito da produção quanto ao da disseminação das informações jornalísticas.  Um aspecto importante é que elas não são excludentes, ocorre sim é que as práticas e os produtos elaborados perpassam e  enquadram-se  de forma concomitante em distintas esferas.

FIGURA 1 – Esferas que ilustram a delimitação das terminologias.

Na rotina de um jornalista contemporâneo estão presentes atividades que se enquadram em  todas as nomenclaturas definidas. Vejamos pois, ao consultar o arquivo da empresa na qual trabalha, o profissional poderá assitir a uma reportagem gravada em fita VHS (jornalismo eletrônico); usar o recurso do e-mail para comunicar-se com uma fonte ou mesmo com seu editor (jornalismo online); consultar a edição anual condensada – editada em CD-ROM – de um jornal (jornalismo digital); verificar dados armazenados no seu computador pessoal (ciberjornalismo); ler em sites noticiosos disponibilizados na web material que outros  veículos já produziram sobre o assunto (webjornalismo).

A rotina descrita tanto pode servir para o desenvolvimento de material para produtos jornalísticos televisivos ou radiofônicos (jornalismo eletrônico ou digital); para a produção de uma edição em CD-ROM (jornalismo digital); material para ser disseminado por uma agência de notícias diretamente para os celulares de seus assinantes (jornalismo online); ou ainda material a ser disponibilizado em um site jornalístico (webjornalismo; jornalismo digital e online).

3  Etapas do desenvolvimento do jornalismo na web

Ao longo de uma década de história do jornalismo na web, surgiram inúmeras tentativas para desenvolver produtos adequados ao meio e que também  sejam eficientes junto aos seus públicos.

Adotamos a divisão destas experiências em três categorias distintas, conforme os autores Pavlik (2001), Silva Jr, (2002) e Palacios (2002). Nossa  classificação é feita à título de facilitar a compreensão do processo pelo qual passa a desenvolvimento do webjornalismo. Não se trata de uma divisão estanque no tempo e tais categorias também não são excludentes entre si, ou seja, em um mesmo período de tempo, podemos encontrar publicações jornalísticas para a web que se enquadram em diferentes gerações e, em uma mesma publicação, podemos encontrar aspectos que remetem a gerações distintas.

Embora a classificação a ser apresentada faça,  de certa forma, uma retrospectiva histórica, ela não contempla  a história do jornalismo na web de uma maneira  sistematizada, apresentando e contando os fatos que envolveram o surgimento das  primeiras publicações jornalísticas na web[3].

John Pavlik (2001)  faz uma sistematização das fases do webjornalismo, tendo como foco a produção de conteúdos e identificando três fases. Na primeira,  dominam os sites que publicam material editorial produzido, em primeira mão,  para as edições em outros meios, às quais o autor denomina de “modelo-mãe”.  Em uma segunda fase, os jornalistas criam conteúdos originais para a rede, passando a utilizar:

“hyperlinks (…) to other Web sites: some interactive capabilities, such as search engines and eletronic clickable indexes where the reader uses the mouse to select different content; some multimedia content, such as photos, video, and audio; and some customization of sites and information, where readers create their one own personal news categories, stock listings, and other content” (Pavlik, 2001, p. 43)

A terceira fase, que segundo o autor está começando a emergir, caracteriza-se pela produção de conteúdos noticiosos originais desenvolvidos especificamente para a web, bem como o reconhecimento desta como um novo meio de comunicação. A web passa a ser vista como uma possibilidade para a distribuição de informações jornalísticas (Pavlik, 2001, p.43). O aspecto mais importante desta fase, segundo o  autor, são as experimentações de novas formas de storytelling. Ele cita a possibilidade de narrativas imersivas que permitem ao leitor navegar através da informação em multimídia.

Não muito diferente do que propõe Pavlik, Silva Jr., ao discorrer sobre a relação das interfaces enquanto mediadoras de conteúdo do jornalismo nas redes digitais, vai estabelecer três principais estágios de desenvolvimento dos sites de jornais, são eles:

“- O transpositivo, como modelo eminentemente presente nos primeiros jornais online onde a formatação e organização seguia diretamente o modelo do impresso. Trata-se de um uso mais hermético e fiel da idéia da metáfora, seguindo muito de perto o referente pré-existente como forma de manancial simbólico disponível.
– O perceptivo. Num segundo nível de desenvolvimento, há uma maior agregação de recursos possibilitados pelas tecnologias da rede em relação ao jornalismo online. Nesse estágio, permanece o caráter transpositivo, posto que, por rotinas de automação da produção interna do conteúdo do jornal, há uma potencialização em relação aos textos produzidos para o impresso. Gerando o reaproveitamento para a versão online. No entanto há a percepção por parte desses veículos, de elementos pertinentes à uma organização da notícia na rede.
– O hipermidiático. Mais recentemente, podemos constatar que há demonstrações de uso hipermidiático por alguns veículos online, ou seja: o uso de recursos mais intensificado hipertextuais, a convergência entre suportes diferentes (multimodalidade) e a disseminação de um mesmo produto em várias plataformas e/ou serviços informativos” (Silva Jr., 2002).

Diferente de Pavlik, que está preocupado com a produção de conteúdos noticiosos, Silva Jr. possui uma preocupação mais abrangente, pensando a categorização proposta a partir da questão  da disseminação de informações jornalísticas nas redes digitais.

Propomos uma classificação que contempla o webjornal  a partir da esfera do produto e, no nosso entender, também pode ser expandida para pensar  questões relacionadas à produção e à disseminação das informações. Tal proposta, em linhas gerais,  já é utilizada em trabalhos de pesquisa realizados pelo GJOL-FACOM/UFBA[4], quando dividimos o desenvolvimento do webjornalismo em três fases (Palacios, 2002).

Neste texto, também dividimos a trajetória até aqui percorrida pelos produtos jornalísticos desenvolvidos para a web em três momentos: produtos de primeira geração ou  fase da transposição; produtos de segunda geração ou  fase da metáfora;  e produtos de terceira geração ou  fase da exploração das características do suporte web.

3.1  Wejornalismo de primeira geração – Num primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes jornais impressos, que passavam a ocupar o espaço na Internet. É muito interessante observar as primeiras experiências realizadas: o que era chamado então de jornal online na web não passava da transposição de uma ou duas  das principais matérias de algumas editorias. Este parco material era atualizado a cada 24 horas, de acordo com o fechamento das edições do impresso. Em alguns casos, como o do O Estado de S. Paulo, conforme pode ser observado em material de arquivo, referente ao primeiro ano de existência do jornal,  eram disponibilizados também  o conteúdo de alguns cadernos semanais.

Os produtos desta fase, em sua maioria, são simplesmente cópias para a web do conteúdo de jornais existentes no papel. A rotina de produção de notícias é totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos e parece não haver preocupações com relação a uma possível forma inovadora de apresentação das narrativas jornalísticas. A disponibilização de informaçãoes jornalísticas na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo enquanto um meio que apresenta características específicas.

3.2  Wejornalismo de segunda geração – Favorecidas pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da estrutura técnica da Internet, podemos identificar uma segunda tendência nas iniciativas para o jornalismo online na web, quando mesmo ‘atrelado’ ao modelo do jornal impresso, começam a ocorrer experiências na tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela rede.

Nesta fase, o jornal impresso é utilizado como metáfora para a elaboração das interfaces dos produtos. Conforme explica MacAdams, “just as a speaker chooses metaphors that will make his or her meaning clearer to the audience, a designer must choose metaphors that help the users understand the system” (MacAdams, 2000).

Ao mesmo tempo em que se ancoram no modelo do jornal impresso, as publicações para a web começam a explorar as potencialidades do novo ambiente, tais como links com chamadas para  notícias de fatos que acontecem no período entre as edições; o e-mail passa a ser utilizado como uma possibilidade de comunicação entre jornalista e leitor ou entre os leitores,  através de fóruns de debates; a elaboração das notícias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto; surge as seções ‘últimas notícias’. A tendência, salvo  exceções, ainda é a existência de  produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso.

3.3  Webjornalismo de terceira geração – O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente para a Internet. São sites jornalísticos que extrapolam a idéia de uma versão para a web de um jornal impresso já existente. Um  dos primeiros e,  talvez,  principal  exemplo desta  situação  seja  a  fusão entre a  Microsoft e a NBC,  uma empresa de informática e uma empresa jornalística de televisão, ocorrida em 1996 (Estado, 1997). O http://www.msnbc.com é um site de jornalismo mas que não surgiu como decorrência da tradição e da experiência do jornalismo impresso.

Nos produtos jornalísticos desta geração, é possível observar tentativas de efetivamente explorar e aplicar as potencialidades oferecidas pela web para fins jornalísticos. Neste estágio, entre outras possibilidades, os produtos jornalísticos apresentam: – recursos em multimídia, como sons e animações,  que enriquecem a narrativa jornalística; – recursos de interatividade, como chats com a participação de personalidades públicas, enquetes, fóruns de discussões; apresentam opções para a configuração do produto de acordo com interesses pessoais de cada leitor/usuário; – a utilização do hipertexto não apenas como um recurso de organização das informações da edição, mas também como uma possibilidade na narrativa jornalística de fatos; -atualização contínua no webjornal e não apenas na seção ‘últimas notícias’.

4  Diferentes espaços e formatos para as notícias dentro do webjornal

Em outro estudo (Palacios et all, 2002), quando definimos que o webjornalismo apresenta seis características (interatividade, hipertextualidade, multimidialidade, personalização, memória e atualização contínua), verificou-se que tais elementos não são utilizados de maneira uniforme entre publicações distintas e tampouco as diferentes características são utilizadas de forma equilibrada dentro da mesma publicação.

A partir de tais resultados, observamos que existem espaços diferenciados para o tratamento da informação jornalística dentro do webjornal. Os espaços que identificamos refletem o tipo de informação, a quantidade de espaço a ela atribuído e a característica mais explorada. Sendo assim, propomos a divisão em: últimas notícias,  cobertura cotidiana  e especiais.

4.1 Últimas notícias – Esta seção – sempre anunciada na primeira tela – comporta as informações em formato de notas que são disponibilizadas de maneira imediata, explorando a possibilidade de atualização contínua.  Nos webjornais  brasileiros,  ficou convencionado chamar esta seção de ‘plantão’ ou ‘últimas notícias’.  Normalmente,  existe a disponibilização de um índice apresentando apenas os títulos e os horários da disponibilização das mesmas. Ao clicar no título, aparece a notícia na íntegra, usualmente em formato de ‘pílulas’, poucas linhas. A maioria deste material é proveniente de agências de notícias.

4.2 Cobertura cotidiana – São as matérias da cobertura rotineira do veículo e  que ocupam normalmente o espaço de uma tela (eliminando a necessidade de utilizar a barra de rolagem à direita da janela no programa navegador) ou um pouco mais. Neste espaço são utilizadas fotografias, fato que não acontece nas ‘últimas notícias’. Em alguns casos apresentam links para arquivos de vídeo ou de som.

4.3 Especiais –  Os especiais, embora possam ser também matérias de destaque na edição, na maioria das vezes, referem-se a material informativo mais extenso, elaborado com mais tempo e que ocupam seções específicas do webjornal.

No primeiro caso, o das matérias destaque na edição, não há tratamento distinto com relação ao arquivamento do material, ele pertence à edição do dia e junto com ela é arquivada.

Com relação ao segundo caso, o material informativo produzido para as seções especiais fica disponibilizado no site de maneira permanente e cumulativa, por vezes, lembrando até um certo caráter enciclopédico.  Nestas produções, além da cacterística da memória, são utilizadas com maior frequência as características da hipertextualidade e multimidialidade na narrativa jornalística.

Considerações finais

As definições e categorizações apresentadas neste texto surgiram  da necessidade de buscar uma terminologia que possa embasar os estudos sobre o jornalismo na web. Visto que se trata de um objeto muito recente, a comunidade de pesquisadores ainda não possui um vocabulário comum que facilite e agilize o diálogo entre os estudiosos. As proposições realizadas neste artigo não se pretendem definitivas ou absolutas, tratam-se apenas de uma contribuição para a discussão e formulação deste repertório que necessita ser desenvolvido.

Referências Bibliográficas

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[1] Em inglês, CAR (Computer Assited Research). Sobre este assunto ver: – LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica da entrevista. Rio de Janeiro: Record, 2001; – MACHADO, Elias. O ciberespaço como fonte para os jornalistas, in: http://bocc.ubi.pt/_texto.php3?html2=machado-elias-ciberespaço-jornalisntas.html. Acesso em 11.10.2002; – MEYER, Phillip. The new precision journalism. Bloomington: Indiana University Press, 1991.

[2] Este termo foi cunhado por William Gibson na obra de ficção denominada Neuromancer. Ver GIBSON, William. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 1991.

[3] Sobre história do jornalismo na web ver – QUADROS, Claudia Irene de. Uma breve visão histórica do jornalismo online. Trabalho apresentado no XXV Intercom. Salvador, 2002;  – PALACIOS, Marcos; MACHADO, Elias. Manual de Jornalismo na Internet, in: http://www.facom.ufba.br/jol/fontes_manuais.htm; – MOHERDAUI, Luciana. Guia de Estilo Web: produção e edição de notícias on-line. São Paulo: Editora SENAC, 2000; – RECIO. Juan Carlos Marcos. La Documentación Electrónica en los Medios de Comunicación. Madrid: Fragua, 1999;  – ARMENTIA et all. José Ignacio. El Diário Digital: análisis de los contenidos textuales, aspectos formales y publicitarios. Barcelona: Bosch, 2000; – ARMAÑANZAS, Emy; et alli. El Periodismo Electrónico: información y servícios multimedia en la era del ciberespaço. Barcelona: Ariel, 1996; – SHEDDEN, David. New Media Timeline (1969-1998), in: http://www.poynterextra.org/extra/Timeline/index.htm.

[4] Sobre Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL-FACOM/UFBA) ver o site http://www.facom.ufba.br/jol.

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